terça-feira, 30 de outubro de 2007

Esses dias eu estava lendo sobre Soweto... aquele bairro negro da capital sul africana. O conflito se deu em função da imposição do governo branco sobre o estilo de vida negro, principalmente sobre o ensino: a grande diversidade de línguas tornava difícil a inserção de medidas governamentais nesses lugares, apesar de as pessoas terem se acostumado e se adaptado a essa dificuldade.O que chamou a atenção foi a revolta dos negros estudantes, de todas as idades, contra a homogeneização das línguas tribais/locais para o inglês: todas as escolas deveriam ministrar suas aulas em inglês (ou afrikaaner, um inglês diferenciado).As extimativas falam de 50.000 estudantes que DEIXARAM DE IR À AULA para protestar e lutar pela volta de seus direitos. Nesse ínterim, milhares de crianças/adolescentes foram mortos cruelmente pela polícia do regime apartheid.

Bem, eu tinha escrito muito mais sobre o assunto, mas algumas pessoas me criticaram e eu achei que fui incisiva demais... então eu deixo qualquer pensamento sobre o paralelo entre a consciência política dos estudantes negros de soweto e dos estudantes "esquerdistas" da UFRGS para quem ler isso...

sábado, 27 de outubro de 2007

Liberdade?

"A revolta dos Camelôs
Porto AlegrePor Pessoal do novo CMI Porto Alegre 22/10/2007 às 22:35
A revolta sem líderes!
Revolta dos Camelôs- Apesar de ter passado alguns dias que esse fato inédito ocorreu, é de extrema importância que seja difundido, pois seu teor de revolta é estimulante para nossa reação aos estão nos oprimindo... A situação dos camelôs e ambulantes de Porto Alegre está complicada. A Secretaria Municipal da Produção Indústria e Comércio, SMIC. Já não faz mais a fiscalização: agora, é a própria Brigada Militar que faz este trabalho. Os ambulantes reclamam da brutalidade já conhecida com que estes policiais exercem o seu trabalho. Já chegam distribuindo tapas e cacetadas. Os trabalhadores, que tem de sua profissão vender mercadorias nas ruas do centro da cidade, vítimas destas agressões e humilhações por parte da brigada, resolveram se manifestar publicamente contra estas injustiças, no dia 17 de outubro, quarta feira. Na manifestação, lojas fecharam no centro de Porto Alegre, mostrando a força que tem estes manifestantes. Um fato lamentável aconteceu nesta manifestação, quando um ambulante foi agredido pela brigada militar, levando uma pisada" no olho. Na quinta feira de manhã, uma mulher (também camelô) foi agredida por policiais de motocicleta enquanto trabalhava. Indignados, na tarde daquele dia, os camelôs voltaram às ruas, para reclamar seu direito de trabalhar. A manifestação foi até a frente da secretaria de justiça, onde uma comissão de quatro pessoas entrou para negociar com o chefe da Secretaria de Segurança Pública, Paulo Renato Rodrigues. Este negou todos os pedidos que fizeram os manifestantes, e ainda concluiu dizendo que a Brigada Militar continuará com ações enérgicas para reprimir a "pirataria" (com enérgicas, leia-se violentas). Ao que tudo indica, a repressão e a violência contra os ambulantes e camelôs não tem data para terminar, assim também como as manifestações contra a repressão. "Enquanto continuarmos apanhando na rua, as manifestações irão continuar!" Os jornais Correio do Povo e Diário Gaúcho nos dias seguintes as manifestações, publicou matérias mentirosas a respeito dos camelôs e ambulantes. Os jornais como sempre, tentaram criminalizar os trabalhadores e manipular as informações a serviço da polícia e do governo. Segundo os jornais, os trabalhadores ambulantes e camelôs durante o protesto teriam "aterrorizado" a população, assustando crianças e ameaçando quebrar as lojas. O que é uma grande calúnia, os ambulantes nesses dias apenas queriam exigir da sociedade e da policia o respeito pelo livre direito de trabalhar. O presidente nacional do Fórum contra a Pirataria Alexandre Cruz deixou bem claro que a única solução para esses trabalhadores é a repressão. As matérias feitas na TV, quase nenhuma contou de fato o que realmente aconteceu. Mas enquanto esses trabalhadores e trabalhadoras se unirem, continuarão tendo forças para lutar pelos seus direitos. É interessante realçar, que a Revolta dos camelôs foi resultado do acúmulo de repressão que essas mulheres, homens e até crianças vem sofrendo nas ruas de Porto Alegre. Mesmos que alguns tenham tentado, não houveram lideranças, partidos políticos ou grupos tendenciosos aparelhando aquele momento. Foram os mesmos que organizaram tudo, naturalmente e indignados. A Polícia, como fiel defensora do E$tado e da propriedade privada, não poupara esforços para reprimi-los. E nem se quer a mídia convencional fará algo por elas eles. Esse é um momento muito bom para se criar discussões em torno da ?Pirataria? e do direito a Propriedade Intelectual. Afinal, as mesmas multinacionais que hoje investe no combate a pirataria, são as mesmas que fabricam os aparelhos para reprodução de Cds e DVDs. De certa forma, a venda desses produtos a preços populares, por qualquer pessoa ou em qualquer lugar, não deixa de ser democratização da cultura, sendo ela boa ou ruim. A prefeitura e seu plano de "revitalização" do centro continuaram agindo sobre aqueles que dependem do centro para trabalhar, camelôs, vendedores ambulantes, catadores, engraxates."

Resolvi postar sobre este assunto pois fiquei chocado quando estava andando pelo centro quando me deparei por uma situação no mínimo humilhante: passam por mim pai e filho (camelôs) com as suas mercadorias correndo de brigadianos como se estivessem cometendo o pior dos crimes trabalhando domingo de manhã vendendo DVDs pirateados.
Logo veio a velha música dos Titãs a minha cabeça, e me dei conta que todas as vezes que precisei da polícia nunca fui atendido, fui assaltado inúmeras vezes, algumas no próprio centro da cidade, e nunca havia algum policial por perto, então as minhas relações com ela se resumem a multas e revistas. Indo direto ao assunto: as leis servem a quem? e a polícia? e o Estado? Se não nos servem, deveriam ser transformados, mas por quem? por um povo conformado, apático e individualista? ou pelos governos democráticos que são eleitos para representar o interesse de seus eleitores? Nem um, nem outro. Enfim, este fato é apenas uma pequena amostra (bem visível) de como as relações de poder nos afetam diariamente, e pode simplesmente nos fazer refletir a respeito de quão livre somos dentro deste sistema econômico e político. Se não conseguimos, nem conseguiremos, a igualdade que Toqueville deixava em segundo plano, a liberdade, pelo menos, deveria ser preservada quando temos uma democracia política dentro de um sistema econômico preponderantemente de mercado. Há algo errado! Onde? Eu não sei...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

África... gastos de guerra=gastos de ajuda

"Conflitos armados nos últimos 15 anos custaram à África US$ 300 bilhões (R$ 539, 5 bilhões) --o equivalente a toda a ajuda recebida pelo continente no mesmo período, afirma um relatório divulgado por organizações não-governamentais
Entre 1990 e 2005, 23 países africanos estavam envolvidos em conflitos e, em média, isto custou às economias desses países US$ 18 bilhões (R$ 32,3 bilhões) por ano, disse o estudo. Como regra geral, um conflito armado reduz em 15% a economia de um país africano.
"As quantias são chocantes: o preço que a África está pagando poderia cobrir os custos de resolver problemas como a crise de disseminação do vírus HIV e da Aids, prover educação, água tratada e prevenção e tratamento de tuberculose e malária", afirmou Johnson-Sirleaf.
"Literalmente milhares de hospitais, escolas e estradas poderiam ter sido construídos", afirmou a presidente.


Não tem explicação... ou melhor, tem: neoliberalismo.
Imagina que horror se mais um continente, com dimensões tais, despontasse na corrida econômica mundial como um concorrente, não mais na condição de fornecedor primário barato...
É o pesadelo dos líderes de grandes potências. Unindo o útil ao econômicamente agradável, mantém esses países em guerra, lucra no comércio de armas, lucra com os baixos preços dos produtos primários, não se preocupa com protecionismos, tarifas, previdência, saúde, salários... afinal, a África é um paraíso. e quem é o idiota que quer mudar isso, se meia dúzia de artistas cantando pras criancinhas de Darfuhr já é o suficiente para cubrir os custos de reprodução da guerra e ainda promover uma propaganda básica de direitos humanos.
O neoliberalismo, em sua idéia de liberdade, é tão mais friamente calculado que o planejamento comunista, que iguala a ajuda financeira aos gastos de guerra, ou seja: doa pras criancinhas aidéticas, ganha fama de bonzinho, financia as guerras e mantém esses Estados subordinados a essa ajuda de forma constante.
E tem gente que chama o Bush de burro...

domingo, 7 de outubro de 2007

MIANMAR -

Hoje, na folha de São Paulo, vi um relato de um estudante "Mianmarense" sobre a situação em seu país e uma passagem chamou-me a atenção:

"Eles (os monges) tinham muitas esperanças em relação ao enviado da ONU (Ibrahim Gambari) vindo para Mianmar. Mas eles ficaram bastante surpresos quando ele se encontrou com a líder da oposição Aung San Suu Kyi.
Eles amam e respeitam Aung, mas acreditam que desta vez a questão é sobre eles e o enviado da ONU deveria estar falando com eles. Para os monges, isso tira a atenção deles, no momento em que eles levam tiros e precisam de proteção. "


Isso tira a atenção deles, afinal, como no início do relato, os protestos eram de cunho religioso e não político. Desde o início das manifestações, no entanto, a mídia faz questão de descrever uma revolta total contra a Junta Militar, por ser militar, quando na verdade, a questão está mais na relação dos monges com a sociedade (a falta de recursos dos civis de sustentarem os monges em função do aumento dos combustíveis).
Viajando um pouco mais, ou não, a manifestação é especialmente conveniente para a política mundial de democratização em massa, sendo a manipulação das notícias a arma para iniciar mais uma operação ocidental de ajuda aos povos oprimidos pelo não-alinhamento americano. Daqui a pouco eles descobrem que o Mianmar tem bomba atômica e os monges viram homens-bomba. Brincadeiras à parte, essa história está muito mal contada...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O que tu és?

Pergunta dificinha...

Quando eu estava no cursinho (sim, eu fiz um ano dele...) eu pensava que, logo que entrasse na faculdade, a primeira coisa a fazer seria formar uma opinião. Naquele tempo isso era de suma importância, visto que o então conhecimento era restrito ao que era dado em aula, e que a capacidade crítica era incrivelmente pequena, talvez em função da alienação implícita no processo do vestibular, ou pelo próprio desleixo, mesmo.

Afinal, passado 1 ano de cadeiras/RU/Antônio/sinuca, a minha opinião aind aestá em vias de formação. Não me culpo por isso, tampouco tenho pressa em consolidá-la de qualquer forma. Tenho convivido com pessoas de posições diversas, não criando conflitos, mas construindo um conhecimento maior. Também tenho presenciado discussões extremistas, em que cada parte acredita ferrenhamente em sua concepção. E é daí que eu tiro minha lição... de que me adianta, a essa altura do curso, formar uma opinião fechada e deixar de relevar aspectos importantes que só com o tempo conseguimos nos conformar ou aceitar ou entender.

Isso não é um lição de moral, é uma constatação e, aqui posso dizer, é minha opinião formada, fechada, consolidada: opiniões não são certezas, são percepções individuais do conhecimento que devem estar sempre abertas. Não há opinião errada, pois é pessoal, nem certa, porque não ha certo/errado, pelo menos nas ciências humanas.

Abraços

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

1º Copa das RI

Programação da Copa RI
- 29 de Setembro13:15 -

Abertura dos Portões13:30 - Cerimônia de Abertura (da primeira ceva)
13:40 - Turma 1 X Turma 2
14:20 - Turma 3 X Turma 4
15:00 - Turma 1 X Turma 3
15:40 - Turma 2 X Turma 4
16:20 - GURIAS DAS RI - Turma 3 X Turma 4
17:00 - Turma 1 X Turma 4
17:40 - Turma 2 X Turma 3

Observações: Os horários devem ser respeitados, pois não há iluminação noturna. Após 18:30 fica ruim jogar.
Quem tiver bolas de futebol, levem!
Cronômetro também!
Cada time fica responsável pelo seu isoporZAÇO (ceva, água, gelo...) e lanche.
Tem o estacionamento da ESEF, é só entrar e o campo é logo à direita.
Não será permitido chuteiras de futebol de campo.
Podem levar o que e quem quiserem, a entrada é franca.
Sugestão: cadeira de praia.

E que comece o espetáculo :)

domingo, 23 de setembro de 2007

O futuro da África Austral

Ao longo do último mês, tive a oportunidadede acompanhar um curso que aborda temas variados sobre África Austral: desde descolonização até guerras-civis, questão petrolífera e integração. No início tive dúvidas sobre matar as manhãs de sábado para ir ao vale, sendo que não tem D43... mas descobri que valia a pena.
A África foi um dos motivos pelos quais eu escolhi esse curso; ela, assim como a Ásia e a América do Sul (ou seja, todo o mundo exceto a Europa) são excluídas dos conteúdos programáticos do Ensino Médio de forma incompreensível: aprendemos a História dita "geral" sendo a história européia; em outras palavras: eles colonizam em vez de a África/Ásia/América serem colonizadas.
Felizmente, alguns horizontes se abrem na Universidade...
Essas novas oportunidades nos fazem ver a Zâmbia e o Zimbábue não como os lanternas da lista do IDH, mas como países soberanos, com seus problemas e riquezas, como membros de um bloco econômico e, por fim, membros da sociedade internacional. O pior erro de qualquer professor de história do ensino médio é achar que o mundo se resume em potências e suas respectivas histórias.
Onde eu quero chegar? Na SADC (Southern Africa Development Commitment). Assim como nosso Mercosul, esse bloco econômico abrange países da África Austral numa proposta de desenvolvimento mútuo em vista da inserção internacional. Por ignorância ou não, eu não a conhecia há um ano ou menos. A SADC é composta por África do Sul, Namíbia, Zâmbia, Zimbábue, Angola, Moçambique, Lesotho, Botswana, Suazilândia, Malaui, Tanzânia, Congo e Maurício. Com exceção da África do Sul, Moçambique e Angola, nenhum dos outros países são capazes de sustentar qualquer expressão internacional que não através de um bloco, e daí a importância da SADC.
O fato é que a SADC, fundada em 1980, tem um esquema de evolução sistemático em que prevê, conforme as datas:
-2008: Área de Livre Comércio
-2010: União Aduaneira
-2015: Mercado Comum
-2018: União Monetária
O que parecia um "aglomerado de Estados fracos" aparece agora como um "aglomerado de Estados organizados", fracos ou não.
É interessante ressaltar que o próprio Mercosul se encontra numa área transitória entre Área de Livre Comércio e União Aduaneira, sendo que a União Européia já está muito além da União Monetária. Então? Qual a diferença entre os status de integração do Mercosul e da SADC? Afinal, somos o Brasil, a Argentina é um país influente...
A verdade é que o Mercosul estagnou, e os países que antes faziam parte do concerto internacional apenas como colônias e protetorados, agora surgem como novos atores. Mas o Mercosul ficou... o Brasil continua a sua política de apaziguador de controvérsias internacionais, de "em cima do muro"; a Argentina não existe após a crise do final da década de 90; o Paraguai tampouco; a expressão Uruguaia é mínima; a Venezuela quer ser "enfiada de goela à baixo", impondop sua ideologia, suas tarifas, seus produtos. Não tenho a pretensão de dizer que a África Meridional está na dianteira da corrida internacional pelo espaço econômico, mas que o empenho pelo crescimento é mais forte lá do que aqui.
Agora é esperar por Agosto de 2008 para descobrir os resultados da caminhada pela Zona de Livre Comércio da SADC, lembrando que é do seu território que se extraem petróleo, diamante, coltão... As conseqüências só saberemos quando ocorrerem...

link: http://www.sadc.int